Rotas dos Azulejos - Linha do Norte
10 A construção do caminho de ferro em Portugal remonta a 1844 com a constituição da Companhia das Obras Públicas de Portugal que tinha como um dos seus objetivos, construir uma linha‑férrea entre as margens do Tejo e a fronteira com Espanha. Em maio de 1852 é aberto concurso para a construção da linha entre Lisboa e Santarém e fronteira de Espanha e aprovada a proposta de Hardy Hislop, em representação da Companhia Central Peninsular dos Caminhos de Ferro em Portugal, que se obrigava também a construir a linha de Santarém à fronteira e ao Porto. A Companhia encarregou o engenheiro Thomas Rumball de proceder ao projeto da linha de Lisboa a Santarém, submetendo-o à aprovação do Governo em 9 de dezembro de 1852. A Companhia Central Peninsular contrata os empreiteiros Shaw & Waring Brothers para a construção da linha entre Lisboa e Santarém, cujos trabalhos iniciaram em 17 de setembro de 1853. Estes decorrem lentamente devido a vários fatores: inexperiência dos operários, falta de técnicos, atrasos no fornecimento de materiais, nas expropriações e conflitos entre os empreiteiros e a Companhia. Assim, em dezembro de 1855 os empreiteiros suspendem os trabalhos. O Governo chama então a si a responsabilidade pelos mesmos e contrai um empréstimo com o Crédit Mobilier para pagar a respetiva continuação e a rescisão do contrato com a Shaw & Waring Brothers. O engenheiro Watier é nomeado pelo Crédit Mobilier para estudar a rede de caminhos de ferro em Portugal, tendo este vindo a assumir, em janeiro de 1856, a direção dos trabalhos de construção da Linha de Leste. Os estudos realizados por Watier foram determinantes para o futuro dos caminhos de ferro nacionais. Depois destas e doutras vicissitudes, o primeiro troço de caminho de ferro em Portugal, entre Lisboa e o Carregado, inaugura-se a 28 de outubro de 1856. Em setembro de 1859 o Governo estabelece um contrato de concessão com o espanhol José de Salamanca, que o tornavam concessionário da construção e exploração das Linhas do Norte e Leste com a obrigação de constituir uma companhia, o que acabou por acontecer em 1860 com a formação da Companhia Real dos Caminhos de Ferro Portugueses. Em julho de 1861, ficou concluída a 1ª secção da Linha do Leste com a chegada do comboio a Santarém. Em setembro de 1863 com a conclusão da Linha de Leste, Portugal viu aberta a primeira fronteira ferroviária que permitiria, pouco depois, a ligação à Europa por Elvas. No ano seguinte, na Linha do Norte, o comboio chegava a Vila Nova de Gaia, na margem esquerda do Douro. No entanto, a conclusão da Linha do Norte só se verifica em novembro 1877, com a conclusão da 5ª secção e a construção da Ponte Maria Pia da Casa Eiffel, o que permitiu ainda a ligação com as linhas construídas e em construção a norte do rio Douro. Ao longo do tempo foram sendo feitas obras de modernização e ampliação, duplicando-se a via, substituindo-se travessas e carris que permitiam maior velocidade e transporte de cargas mais pesadas. Na década de 40 com a introdução do diesel na exploração ferroviária e a substituição do vapor, foi necessário adaptar a infraestrutura e criar postos de abastecimento ao longo da mesma. Nos anos 50 a CP, desenvolveu um vasto programa de modernização, reconversão e reorganização. Estabeleceu-se um Plano de Transformação e Reapetrechamento da Rede no qual se incluiu a aquisição de material circulante, a ampliação de estações, linhas, cais e plataformas, a instalação de ramais particulares, o apetrechamento das estações com equipamentos de carga e descarga e a construção de estradas de acesso, com intervenção nas instalações fixas da via, nas oficinas e armazéns, assim como, em alojamento para o pessoal, a introdução da a eletrificação da rede ferroviária e a Renovação Integral da Via (RIV).
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