Rotas dos Azulejos - Leopoldo Battistini

7 paisagens são de uma serenidade luminosa. Os retratos, vigorosos no desenho e no mi- nuto da cor, vivem e viverão de uma flama interior. Artista e obra mantiveram sempre doce e profundo equilíbrio, mercê de que o florentino e o neoportuguês se compreen- deram e amaram”. Em reconhecimento das suas excecionais qualidades de artista, foi homenageado com a ordem de Sant’Iago, em 1902; com a comenda da Coroa de Itália, em 1908; com a comenda Stella al Merito del Lavoro All’Estero, e 1923, e com a Ordem Portu- guesa de Mérito Industrial, em 1935. Predominantemente bondoso, como atestam todos os que tiveram a felicidade de com ele conviver, desprendido de bens materiais, foi, Leopoldo Battistini, um trabalhador incansável e um grande amigo de Portugal.” in “Sala-Museu Leopoldo Battistini”, edição da Escola Industrial Marquês de Pombal, Lisboa, 1969. seu País adotivo: além de restauros mag- níficos – entre eles os quadros ad Igreja do Loreto – ficaram-se-lhe devendo a tela do aparecimento da Virgem a Santo António que, para o mesmo templo, a sua fecunda imaginação criou num arranjo de admirável conceção. É, então, que Battistini se impõe como pintor. Entre outros trabalhos, ficaram célebres o retrato de El-Rei D. Carlos, destinado à Universidade de Coimbra, e obras notabilís- simas como: “As Despedidas”, “Os Emigran- tes”, “A Última Harmonia”, “A Perrette”, “A Meditação”, “O Pensamento”, “O Incêndio” e a maravilhosa tela que retrata a sua discí- pula querida Dona Maria de Portugal. Pastelista insigne, Leopoldo Battistini dei- xou-nos inúmeros retratos que constituem uma galeria de incomparável valor, numa técnica pouco cuidada no nosso País, e que mereceram da crítica os mais justos e encomiásticos louvores. Entretanto, circunstâncias desfavoráveis, criadas por um clima de sectarismo político, fizeram-no abandonar o seu ambiente de trabalho. Amargurado, Leopoldo Battistini vai orientar a sua vida artística no sentido da cerâmica, arte que, tendo largas tradições nacionais, dele recebe extraordinário impulso inovador que contribuirá para honrar o País, projetan- do o seu nome através das exposições que apresentou no estrangeiro. Sem evidenciarmos os trabalhos valiosos que seguiram particularmente para Itália, para Inglaterra e para o Brasil, desta nova faceta da sua atividade artística, de Norte a Sul de Portugal, numa profusão que nos deslumbra, poucos serão os recantos de Portugal onde não haja um painel de Battistini. Com um seguro conhecimento da cor, em que operou prodígios, e um assombroso poder de perspetiva, são tratados assuntos regionais e da História de Portugal, que o artista conhecia profundamente e cuja interpretação lhe mereceu a perfeita com- preensão do nosso são nacionalismo. A par dos nossos pescadores de Ílhavo, da Murtosa, de Aveiro, e do movimento que imprimiu às figuras do Ribatejo, a evocação histórica foi focada com amoroso desvelo, através de painéis em que se evidenciam os grandes momentos e as grandes figuras do nosso passado histórico e da nossa vida cristã. Mas a sua obra de ceramista, realizada no seu tugúrio – a Fábrica Constância, às Jane- las Verdes – não se confinou à execução de painéis. Legou-nos igualmente admiráveis peças de faiança, em que se revelou grande e original, porque ainda ninguém manejara com tanta mestria o esmalte policrómico. “Em toda a sua obra – afirma um dos seus biógrafos – há a insuperável conceção lírica da natureza e do homem, uma gentil melancolia e uma quase sensual ansiedade de alegria nos acordes colorísticos. As suas

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