Rotas dos Azulejos - Leopoldo Battistini

6 Leopoldo Battistini Jesi, Ancona, 12 de janeiro de 1865 — Lisboa, 4 de janeiro de 1936 Leopoldo Battistini Óleo de Carlos Reis in “Sala - Museu Leopoldo Battistini”, edição da Escola Industrial Marquês de Pombal, Lisboa, 1969. Fotografia de Tiago Gonçalves / Acervo IP “Leopoldo Battistini nasceu em Itália, na cidade de Jesi, província delle Marche, a 12 de janeiro de 1865. Descendente de uma antiga e nobre família, Leopoldo Battistini não desmereceu dos seus antepassados que do século XIV aos nossos dias muito se notabilizaram como cientistas, guerreiros, poetas e romancistas. Dotado de excecionais e múltiplas aptidões, o jovem Leopoldo cedo revelou acentuada inclinação para os problemas da Arte que o ambiente de Florença radicou, formando-lhe o espírito de artista. Abandonando o curso de engenharia, apenas iniciado por desejo da família, seguiu as Belas-Artes em que o seu talento se evidenciou de maneira tão excecional que lhe foram atribuídos os primeiros prémios, ao longo de uma notável escolaridade nas Academias de Roma e Florença. Terminado o curso, - tinha então 24 anos – iniciava a sua vida artística em circunstâncias de tão limitados recursos que lhe era impe- rioso começar a trabalhar. Por feliz coincidência e proposta do ministro Emílio Navarro, empenhado na renovação do ensino industrial, o Governo português, mediante concurso, contrata Leopoldo Battistini para professor de Desenho e de Pintura da Escola Industrial de Brotero, em Coimbra. Segue, então, para Portugal, deixando já em Itália o seu nome assinalado como artista a quem estaria reservado um futuro de grande projeção. Em Coimbra, Battistini estabeleceu profundo convívio espiritual com algumas das figuras de maior talento que em breve se eviden- ciariam no nosso meio intelectual. O primeiro foi António Nobre, o jovem autor do “Só”, a quem para sempre o ligaria uma grande admiração e uma profunda amizade. O segundo foi Eugénio de Castro. E do convívio com o autor dos “Oaristos” surge o primeiro grande trabalho de Battistini, o maravilhoso “Sagramor” que é um dos maiores quadros pré-rafaelitas que temos em Portugal, logo seguido da ilustração da “Nereide” de Harlém – edição de 1896, hoje raríssima, e na qual o jovem artista deixou uma verdadeira obra-prima de conceção e de traço que o imortalizaram como genial ilustrador. Em Coimbra se conservou três lustros, dividindo o seu tempo entre a atividade do- cente, para que sentia particular inclinação, e a sua atividade artística, que lhe granjeou o prestígio e a admiração do escol mental da cidade universitária. Por determinação ministerial, Leopoldo Battistini é transferido para a Escola Indus- trial Marquês de Pombal, em Lisboa e, ao abrigo das cláusulas do contrato, o Governo cede-lhe o último andar do Paço de S. Vicente, para nele instalar a sua oficina, que transformou num verdadeiro ambiente de requintado gosto, pelo mobiliário, pelas tapeçarias, pelas obras de arte. A sua atividade artística intensifica-se e algo de muito importante vai disseminando no

RkJQdWJsaXNoZXIy NzgzMzI5