Rotas dos Azulejos - Leopoldo Battistini
16 O comboio impôs-se como meio de trans- porte pela sua capacidade grandes cargas - passageiros e mercadorias - em grandes distâncias, com rapidez e em segurança. Vinte anos após a circulação do primeiro comboio comercial no Reino Unido, o pri- meiro documento oficial sobre os caminhos de ferro em Portugal, de 1845, incumbia a Companhia das Obras Públicas de Portugal de construir uma linha até à fronteira, para ligar Portugal à Europa e tornar o porto de Lisboa no centro do embarque para as viagens atlânticas. Com a Regeneração e Fontes Pereira de Melo, a ferrovia tornou-se central para a sociedade portuguesa. Em 1852, deter- minou-se a construção de uma linha para ligar Lisboa com o Porto, a entroncar na de Lisboa à fronteira. Em 28 outubro de 1856, a Companhia Central Peninsular dos Caminhos de Ferro de Portugal organizou, em bitola europeia de 1,44 m, a viagem inaugural do caminho- -de-ferro no país, na distância de 36 km, percorridos em 40 minutos, entre Lisboa e o Carregado, presidida por D. Pedro V. A história da Linha do Oeste está intima- mente ligada à ideia de levar o comboio a Sintra, datando de setembro de 1854 a primeira tentativa para o efeito, com a assinatura, entre o Governo e o Conde de Claranges Lucotte, do compromisso para a construção de uma via-férrea entre Lisboa e Sintra, passando por Belém e Algés, que, apesar da execução de alguns trabalhos de terraplanagens, não foi concretizado. Em 1869 o Duque de Saldanha obteve licença para estabelecer um caminho-de- -ferro, pelo Sistema Larmanjal, entre o Lumiar e Leiria, na estrada Lisboa a Leiria, e em 1871 para ligar Lisboa a Sintra, cujas circulações foram iniciadas em junho de 1873. O sistema faliu em 1877. Mas as ligações da capital com Sintra e com a Linha do Norte, por Torres Vedras e Leiria, figuravam no Plano geral da rede ferroviária nacional da Ordem dos Engenheiros Civis Portugueses, de 1877, e no Relatório do Engº. João Crisóstomo de Abreu e Sousa, de1880. Dado atribuir-se grande importância estraté- gica à Linha do Oeste, considerada também alternativa à do Norte nas ligações interna- cionais e com o norte do país, o projeto de 1882 autorizou a linha entre Alcântara-Terra e Torres Vedras e um ramal para Sintra, bem como o prolongamento de Torres à Figueira com o Ramal de Alfarelos. Em junho de 1886 foi outorgada à Compa- nhia Real a concessão da Linha de Cintura. Data de abril de 1887 o alvará para a futura estação central de Lisboa, a construir nas proximidades da Praça D. Pedro. Linha do Oeste Apesar da grande polémica e vasta dis- cussão à volta da construção desta linha, especialmente o traçado de Torres em dian- te, que a Companhia da Beira Alta sentia contrária aos seus interesses, não impediu que, em 2 abril de 1887, se inaugurasse a linha entre Lisboa-Alcântara Terra e Sintra, em maio até Torres e, em setembro, até Leiria. Seguiu-se em junho de 1888 a Figueira da Foz e em junho de 1889 o Ramal de Alfarelos. Em 1890, após a construção do túnel e da inauguração da “Estação Central” de Lisboa, o Rossio passou ser a origem da Linha do Oeste. História
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