Rotas dos Azulejos - Leopoldo Battistini
138 Desde a inauguração do caminho-de-ferro em Portugal que praticamente todas as es- tações passaram a apresentar uma pequena área ajardinada. “Estações floridas” foi o nome dado ao concurso instituído em 1941, no tempo do Estado Novo, através do SPN – Secretariado da Propaganda Nacional que começou por sugestão de um estrangeiro no sentido do embelezamento das estações da Linha de Sintra em 1944 passou a intitular-se SNI - Secretariado Nacional da Informação, Cultura Popular e Turismo. O objetivo era estimular o bom gosto na ornamentação floral das estações dos nos- sos caminhos-de-ferro e revelar aos turistas estrangeiros um aspeto bem caraterístico do nosso bom gosto e temperamento artístico. O SPN, órgão máximo da propaganda do regime, foi criado em 1933 e dirigido, durante os primeiros dezasseis anos, por António Ferro (1895-1956), escritor e jornalista. Ao longo das décadas de 30 e 40 fundou o Museu de Arte Popular, organizou várias iniciativas culturais, tais como, exposições de arte popular e restauro de monumentos e lançou vários concursos: da aldeia mais portuguesa de Portugal, das montras, este no âmbito da Campanha do Bom Gosto, do Garfo d’Oiro, para o melhor estabelecimento de restauração e o concurso das Estações Floridas de Caminho-de-Ferro. O concurso das Estações Floridas realizava- -se na Primavera e destinava-se a distinguir as três estações de caminho-de-ferro que, entre todas as das várias Companhias de caminho-de-ferro, apresentassem a melhor decoração floral. As “Bases para o Concurso das Estações Floridas” ficaram definidas do seguinte modo: até ao fim do mês de abril cada Companhia indicava aos serviços de Turis- mo do Secretariado os nomes das estações inscritas para o Concurso. Para evitar a dis- persão de tempo por parte do Júri com visitas a estações cujo valor ornamental não fosse digno de exame, cada Companhia fazia, durante o mês de maio, uma elimi- natória preliminar entre as estações da sua jurisdição apurando as três melhores a apresentar no concurso final. O júri era constituído por quatro elementos designados pelo Secretariado: um artista ou homem de letras, um engenheiro agrónomo ou técnico de floricultura/silvicultura, um re- presentante da Direção Geral dos Caminhos de Ferro e um funcionário dos Serviços de Turismo do SPN (voto de qualidade). Os prémios eram entregues na sede do Secretariado / Palácio Foz e estavam presentes todos os chefes das estações distinguidas. Os prémios pecuniários de 2500$00, 1500$00 e 1000$00 eram atribuídos às três estações com os jardins melhor arranjados e, às estações cujo arranjo floral merecia uma distinção, eram concedidos diplomas de honra. Prémios de persistência, no valor de 500$00 cada, eram entregues às estações que tivessem recebido diplo- mas de honra em três anos consecutivos. Este concurso teve como fonte de inspira- ção o britânico Albert Loweth, radicado em Sintra, que introduziu em 1927, um concurso de estações floridas para a Linha de Sintra, à semelhança do que se fazia nas estações ferroviárias de vários países europeus, nomeadamente em Inglaterra, como na estação ferroviária de Nottinghamshire .* Em julho de 1929, o Boletim da CP publicou os resultados obtidos num concurso reali- zado apenas entre as estações desta Linha, tendo a estação das Mercês recebido o 1º prémio no valor de 800 escudos e uma taça oferta da joalharia W. Sarmento. A estação de Sintra ficou em 5º lugar e re- cebeu um prémio no valor de 100 escudos e uma medalha oferecida pela Companhia Italiana de Turismo, o que reflete a impor- tância do turismo nessa Linha. ANEXO I Estações Floridas
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